Descobrir a floresta no meio das árvores, trazê-la para casa e colocá-la na sala, naquele cantinho onde uma folhagem de verde natureza fica tão bem!...É precisamente assim que eu vejo as possibilidades que a Internet me dá para fazer o meu portfolio electrónico.
A Internet – para continuar a usar metáforas pegadas na Mãe-Natureza – é uma selva (no sentido quase pejorativo do termo): está densamente povoada de coisas, muitas, muitíssimas delas muito úteis. Mas nas quais nos perderemos facilmente se não nos acautelarmos.
É que, tal como o guloso ou ávido de alimento, que, quando se depara com um bufete pleno de rico manjares, tem de saber escolher, sob o risco de se empanturrar logo ao primeiro prato, ou de agonizar com uma valentíssima indigestão, depois do terceiro ou do quarto, também o utilizador da Net não se pode deixar levar pelo fascínio de tanta e tão boa coisa ali à disposição de um simples clicar de rato.
A tarefa, ou melhor, o processo de escolha, o processo de selecção de meios que a Net oferece para a feitura de um portfolio é já, só por si mesmo, um árduo exercício de auto-regulação do comportamento individual.
Não nos é difícil pôr de lado, deitar fora, coisas que não são boas, ou que são só um bocadinho boas. O que para nós é verdadeiramente difícil é pôr coisas boas de lado, é deitar fora produtos de primeira água! Mas teremos de ter coragem para isso. A escolha, a inevitável escolha, será tanto mais fácil de fazer quanto mais claramente definidos estiverem, à partida, (pelos menos alguns) critérios, objectivos e estratégias de trabalho. Terá de dar a bota com a perdigota, quer dizer as formas preferidas de expressão do autor do portfolio têm de dar com os conteúdos do portfolio, com os professores que ensinam e avaliam, com o tempo que se dispõe para trabalhar, com, com, com…
E a língua, a nossa língua, deverá ocupar sempre uma posição de destaque na hierarquia dos critérios de escolha.
É, em suma, em minha opinião, nesta compatibilização, nesta harmonização, feita à base de muita selecção (Quanta feita a contragosto!) que será manifestada, mais do que em qualquer outro aspecto, a arte e o engenho do autor do portfolio. E a eficácia do portefólio. (Ai, minha gente! Depois do que eu disse sobre a Língua Portuguesa, deixem-me matar saudades desta minha forma preferida...)